“Talvez
dentre todas as coisas deste mundo, a mulher é ainda a mais audaciosa e a mais
maravilhosa criação de Deus, pelo menos a minha mulher é. Há pessoas que tiram
o melhor de nós, e há as que tiram o pior.
Ela não, ela
foi quem me deu asas, quem me deixou voar e quem me faz ser o que sou. Tantos
sonhos que não caberiam em minha mente só. Tantos desejos e visões que não
conseguiria enxergar sem ela. Meus óculos e meu mundo! Queria poder falar tanta
coisa a você, queria poder dizer tanto o que tenho em meu peito. Mas tenho
medo, do que ainda não sei. Medo de ser rejeitado, ou até mesmo de ser feliz.
As linhas
aqui são meu divã e meu psicanalista, meu mais oculto segredo. Talvez não tenha
coragem de revelá-lo. Não tenho a bravura e a verdade suficientes para gritar o
que sinto. Um covarde? Não sei se a certeza da segurança me dá a confiança de
um caminho certo, sem que me atenha a armadilhas ou a deslizes.
Os olhos da
alma, o reflexo de muita coisa. Falar de você, falar da pessoa mais brilhante e
admirável que conheço não é uma tarefa fácil, mas, ao mesmo tempo, é uma
deliciosa posição de voyer, um voyer de mente e de sonhos. Imaginar
o que não existe é mais seguro do que arriscar construir as visões e realidades
que existem. Hoje, depois de tudo o que disse a ela, há uns seis meses, sei que
poderia ter dito há seis anos quase.
E o que
seria de minha vida hoje, se tivesse aberto a boca. Não sei. O que é de mim hoje
sem tê-la aberto, está ao meu controle. Não sei. Estou confuso. Pela primeira
vez em minha vida, acho que o amor está por aqui! Tenho medo até mesmo de
dizer. Queria poder ter a coragem para falar, a coragem para realmente dizer o
que sinto. Acho que o que disse, nem tudo, falta ainda vir daqui do fundo.
Vou falar de
você para mim. E enquanto não falar de você para você, fico aqui lendo e
relendo. Tomando susto e me surpreendendo com as minhas revelações, com a
materialização dos meus pensamentos, do meu coração. Se for o nada que tenho de
resposta, é melhor que uma decepção, o medo de arriscar, o medo de não
conseguir. O medo de ser feliz, o medo de não ser feliz.
Vou falar de
você, falar de uma mulher que nunca em minha vida sonhei em tocar, toquei-a uma
vez só. Toquei-a sim, um beijo, nada mais. O medo de ser proibido. Uma sensação
estranha, de medo e de prazer. Acho que de amor,
talvez essa seja a palavra certa.
Talvez a sorte tenha se
revelado para mim. Fechar os olhos e pensar que tudo pode ser sonhado. E se
arriscar? Não, não posso! E por que não? E por que sim!? Arrepender-me de algo
não feito é pior do que se arrepender do passado! Tentar desfazer é melhor que
tentar fazer.
Assim, a você, minha
mulher, falarei e deixarei você falar, que o que sai de sua boca é mais do que
bem-vindo, é sorver vida. E de seus lábios me entrego e sou quem sou hoje! E,
quem diria, eu, que tanto aporrinhei você com o Simple Minds e sua única música, digo hoje, Don’t you forget about me!
Dezembro de
2005”.
Não
sorriu nem chorou. Amassou a carta e foi correr no parque, porque agora endossava
o mestre Nelson Rodrigues, que disse “quando há amor nem a morte é uma
separação”.
Éhhhhh.... E sem amor não há nada.
ResponderExcluirComo diria John Lennon, ALL WE NEED IS LOVE, Fê!
Excluir