As
netas não se conformavam, quem sabe uma viagem às origens, na Itália, ou os
filhos, uma festa surpresa, com amigos da infância, já sendo revirados em redes
sociais etc. Nada deixava mais brilhantes os olhos da senhora que um carrossel.
Não
havia um parque de diversão por ali há anos, o único que encontraram foi na
Cidade da criança. Em São Bernardo do Campo, SP. Os quase 35 km de distância
poderiam enfadá-la, mas uma viagem à Europa não? Uma festa surpresa, fulminante
ao coração, não?
As
bisnetas ficaram loucas, endossaram o pedido da bisa e começaram uma campanha
nas redes sociais: #levemminhabisaaocarrossel.
Mais de 400 curtidas em duas semanas.
Filhos
não conseguiram se render. E naquele domingo, uma comitiva dos Manfredinni foi
a São Bernardo. Sol escaldante, mas o ar-condicionado deixou a velhinha acesa.
Não sabia aonde iria, no entanto julgou algo sério, porque se ninguém morreu ou
casou e todos estavam presentes, desejou ser o que sempre quis.
E
sorriu como criança ao ler aquilo. Sorriu como nunca sorrira na vida, porque
teve a certeza de que os sonhos podem acontecer, mesmo que levem 60 anos.
As
bisnetas a pegaram pelas mãos, e pode-se dizer que o clã preencheu o decadente
lugar. Não havia mais do que 30 pessoas no parque. A comitiva quase dobrou o
lugar. Entraram e rumaram direto ao carrossel. O filho mais velho preencheu com
50 reais a mão da operadora, pedindo que Mariana fosse sozinha no brinquedo, umas
voltas só dela, um sonho que se sonhou sozinha.
E
assim aconteceu. Demorou quase 5 minutos para ajeitá-la no brinquedo. O parque
parou. Visitantes, empregados, todos logo souberam de tudo e largaram por
minutos a vida, porque quando sonhos acontecem, embalamos nos dos outros.
E o círculo se fez, tudo pronto. A roda começou a girar, não se sabia para onde
olhar, se para o sorriso maravilhado de Mariana, se para as lágrimas de todos
por ali ou para as palmas que embalavam cada aceno que ela dava em cada volta,
sentada num cavalinho rosa.
Talvez as voltas tenham durado uns 5 minutos ou menos. Mas foram os 5 minutos mais felizes de uma mulher que venceu a Segunda Guerra, perdeu o marido com 5 filhos. Trabalhou como costureira e abriu o próprio ateliê. Expandiu para o Brasil e dois países da América do Sul e para Itália a sua marca.
Seis
idiomas. Um patrimônio que poderia comprar a Disneylândia, mas o que ela
realmente queria eram as voltas no carrossel.
Quando
parou, todos aplaudiram e ela acenava feliz, feliz. O filho mais velho chegou e
perguntou se queria mais voltas. Disse que não, "realizar um sonho era
divino, mas abusar dele seria indigno".
Dri, que prazerosas as histórias de ontem e de hoje. Obrigada! Meu dia se alegra um pouco quando leio histórias como estas...bjs (adorei a hashtag #levemminhabisaaocarrossel)...rs
ResponderExcluirQue legal, Dri, poder ler isso. Fico feliz em mexer com o dia das pessoas! Bjos!
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