Tenho
dois projetos na internet a respeito, escrevo dicas de língua portuguesa no
site Aspirante Profissional, e junto a Lucas amura, estamos no ar há quase dois
meses com podcasts no Português com Humor.
Dois
canais que me poderiam ser suficientes, mas não. Tenho ainda de falar a
respeito. O brasileiro não valoriza a língua portuguesa e não é de hoje, é de
sempre. Li várias crônica de Nelson Rodrigues, e o gênio abordou muitas vezes o
assunto. Crônicas de 1960, 1970.
O
que diria o notório cronista em tempos de internet, em tempos de abreviações e
da rapidez na comunicação. Diria a vizinha gorda que o idioma é difícil e o que
mais importa é a comunicação.
Não
quero trazer aqui regras e acertos, quero apenas endossar que a leitura acaba
sendo a muleta para que a língua pátria não sucumba à modernidade. Porque tudo
tem uma evolução, as palavras e o modo de se comunicar também trazem esse
progresso. Porém muito diferente de o errado acabar prevalecendo.
Óbvio
que minhas pretensões chegam apenas àqueles que têm acesso à educação, à sala
de aula. Utopia demais pedir que se dê palavras antes de comida. Mas meu sonho
é que os de barriga cheia tenham a fome de saber, de ler, da importância do
falar certo.
Português
é lindo demais para morrer à míngua. Poesias são o resultado do talento de quem
somente domina o idioma, assunto que nem sempre é bem aceito entre os daqui.
Exemplifico
com duas histórias. Certa vez um aluno – quero pensar que de forma mais pura do
que obtusa – perguntou-me onde o usaria o português, já que o inglês é a língua
do universo.
Fui
irônico em dizer que, no Brasil, eu nem poderia imaginar onde ele pudesse usar a
língua portuguesa. Ele rebateu com um sorriso, dizendo: “Se você que é
professor não sabe, eu saberia?”.
E a última. Num dia de aula sobre ortografia, disse que a grafia correta de
muçarela era com cedilha. Metade da sala só faltou me condenar, dizendo que
aquilo seria um absurdo. Na época, havia um programa na tão culta emissora de
Sílvio Santos chamado “Você é mais
esperto que um garoto da quinta série?”.
O
programa era aos domingos. Numa segunda-feira, logo nos primeiros 5 minutos de
aula, uma aluna pede a palavra entre os quase cem alunos e me elogia: “Professor,
o senhor estava certo, assisti ao programa do Sílvio e ele disse que muçarela
realmente é com cedilha”.
Aplausos.
E
é assim, no Brasil, ensina não quem tem conhecimento, ensina quem tem poder. E
sabe o que é pior, eu deveria ficar triste, mas fico feliz em saber que
qualquer mídia possa ser útil e endossar o que professores dizem em sala de
aula, ainda que alguns não sejam tão críveis assim... Como eu.
Dri, são realmente tristes essas constatações, mas se serve de consolo...nunca duvidei de você, nem na aula da "muçarela"! rs
ResponderExcluirQue bom, Dri, fico feliz que me fiz crível a você!
Excluir