Buscou
os mais de cem canais a cabo, achou nada. Viu horários de cinema, até encontrou,
mas nenhum filme que pudesse tirá-lo de uma sala e colocá-lo em outra.
Decidiu
que sairia para ver pessoas, para sentir a brisa daquela noite quente. Parou o
carro perto de uma rua cheia de bares e seguiu a pé. Quando se está só, apenas
caminhando com o tempo, há mais espaço para observar a vida ao redor.
Por
dez minutos, olhou as mesas lotadas, escutou risadas, conversas, o barulho dos
copos, o cheiro das frituras e dos perfumes. As buzinas não o incomodaram tanto
quanto o som das estrelas, que sussurravam a noite.
Lembrou-se
de que não havia comido. Entrou numa padaria, sentou-se, pediu um lanche e
ficou observando a movimentação. Crianças com sono, casais conversando, o
barulho da chapa.
Fuçou
no celular. Comeu o lanche porque viu que ao menos o sanduíche e o suco o
entreteriam por uns dez minutos. Enquanto tentava comer devagar, olhou o TV,
até mesmo a novela, pelo menos as imagens tentaram colocar a mão em seu ombro.
Pensou,
mais uma vez, que jamais pudesse imaginar um sábado à noite sozinho. Não sorriu
nem se orgulhou.
Foi
então que tentou se lembrar de como eram seus sábados à noite. Pontuou cada
festa, cada sessão, cada bar. Passou por cidades, ruas e pessoas. Esforçou-se
para relembrar sobre o que conversou da última vez que saiu com a esposa.
Não
conseguiu. Esforçou-se para se lembrar quais eram os assuntos que teriam se ela
estivesse lá agora. Não conseguiu. E, por fim, esforçou-se para se lembrar por
que casou com ela...
Terminou
o lanche, bebeu metade do suco, pagou e saiu.
No
caminho de volta, tentou andar o mais rápido que pôde de volta ao carro, mas – por
mais veloz que fosse – não conseguiria deixar para trás que estava sozinho há
muito, muito tempo.
A pior solidão é aquela em que estamos acompanhados... Um dia, infelizmente, todos passam por isso.
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