terça-feira, 20 de novembro de 2012

QUEM COME CATARINA SABE O CU QUE TEM

Quem é homem sabe, quando se há caso novo, tão bom quanto o caso é contar com quem se tem se atracado. Dependendo de quem é a menina, às vezes, contar acaba sendo melhor ou – se só a fama deverá ser mantida – melhor o silêncio.

Mas naquele não, a menina era uma coisa de outro mundo. Quando fosse algo de uma noite só, era comum até ser documentado em celular etc. Quando a moça requeria algo mais cuidadoso, o simples relato já servia de confissão. Mas quando o trânsito parava por ela, os detalhes serviam de mesa redonda e melhores momentos, com direito a replay.

E foi esse jogão que aparecia na vida daquele homem. Não é sempre que se encontra algo daquele naipe. Linda, estonteante, digna de ser falada na íntegra, lance a lance, com entrevistas.

- Catarina de quatro é um arregaço!

Foi a frase do ano. A foto no Facebook entregava os louros ao cara, busto entre os demais. E tinha de ser exclusiva. Acabavam os amistosos e os treinos abertos. Agora era só decisão e treino a portas fechadas, que só eram abertas ao sortudo, que as abria depois aos amigos.

Cada sábado era uma nova posição, um novo movimento. E como no futebol, o bordão pegava e feio. Durante dois meses, bastava ver o sorridente, para a frase ser introduzida.

E naquele domingo, no futebol, ele não apareceu. Suspeitaram que a comemoração estava aumentando, sinal de que mais novidades entrariam em campo. E assim se repetiu no domingo próximo e nos dois outros também.

Tentaram celular, nada. Redes sociais, nada.

Até que num improvável encontro - na festa de um do grupo - apareceram  de mãos dadas. Ele feliz, ela deliciosamente linda. Apresentou orgulhoso, fez questão de fazer a acolhida dos amigos como algo único e tomou as bênçãos dos pais do aniversariante.

Roubaram a cena. Porém, por mais que soubesse ser invejado por todos, por mais que soubesse ter o Oscar daquele ano, tinha a certeza mais concreta que a própria felicidade, aprendeu que nunca se deve falar do rabo alheio, porque se olhasse agora ao dele, veria um verso alexandrino agarrado a suas costas:

- Catarina de quatro é um arregaço!
 
E nunca mais foram vistos.

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