Começavam
com uma reza, soltavam alguns lamentos e emendavam na cantoria e na cerveja,
saudando o bom Sinfrônio. Sempre tiveram problemas com o nome, desde a época da
escola, quando os risos eram iminentes, passando pela zona eleitoral, pela
espera do exame e até quem moldou a placa do cemitério.
Convenhamos
que não era algo comum, mas impossível não associá-lo a um velho. Imaginem uma
criança com esse nome? Quantos passes no futebol foram desperdiçados quando
alguém berrava: “O Sinfrônio tá livre!”.
Mas
eles não, amigos fiéis, estavam sempre juntos. Cantavam a canção de que tanto
gostava. Bebiam a cerveja preferida dele, o sanduíche de provolone com mortadela,
as cocadas, jogavam buraco, liam os trechos das poesias preferidas. Enfim, um
preito e tanto ao defunto.
Lá
pelas tantas, quando o sol já sumia do local e as cervejas também, os ânimos
acabavam se alterando. E um lembrou quando, no acampamento, a turma toda caiu
de rir quando o falecido, aos 9 anos, levou apenas o travesseiro e o colega de
barraca soltou: “Sinfrônio sem fronha”. Desnecessário dizer que isso pegou de
cara.
Silêncio.
Mas não por muito tempo. Uma gargalhada explodiu e todas as demais vieram. E se
lembraram de quando ele ficou sem dinheiro: “Sinfrônio sem frão”. E emendaram
quando economizou: “Sinfrônio cifrão”.
Gargalhadas.
Houve também quem evocasse quando ele se separou: “Sinfrônio sem foda”. Ou
quando descobriram que ele nunca tinha provado a hóstia: “Sinfrônio sem frade”.
E quando bateu o carro: “Sinfrônio sem freio”.
Gargalhadas.
E foram recolhendo tudo. E quando ficou com fome: “Sinfrônio sem fruta”. E
quando saía sem blusa: “Sinfrônio sem frio”.
Gargalhadas.
Talvez não percebessem, mas todas as visitas acabavam assim. Realmente amavam
aquele cara e, de tanto amor, decidiram respeitar essas dores. O que talvez
nunca perceberiam é que se perderam o amigo, não poderiam jamais perder as
piadas.
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