Poderia hoje tentar traçar um átomo das
linhas de Saramago, expor alguma palavra nova à Guimarães Rosa ou ser um ponto
negro na gigantesca sombra de Shakespeare.
Poderia hoje tentar usar a criatividade de
Gabriel García Marques, sugar o talento de Hemingway ou morrer fatigado tentando
mostrar um pensamento intrínseco de filósofos.
Poderia hoje tentar mostrar a genialidade que
um dia achei ter ou expor tudo o que já li de Nelson Rodrigues a Camus. Deixar
sair uma parte de meu desmedido anseio de ser um verso de Leminski, amar como
Vinícius amou ou ter uma frase imortalizada como os vários clichês machadianos.
Poderia hoje tentar entender o mundo de Kafka, ser mais nebuloso que um Dostoiévski ou mais doce que o açucarado Caio Fernando Abreu. Entrar para o hall das citações de cartões de amor ou ser unanimidade intelectual.
Poderia tentar hoje ser exemplo de literatura,
amado por uma claque que não de amigos, entrar nos ciclos viciosos dos que
sempre querem se mostrar inteligentes e apenas discutir algo profundo. Expor um
conhecimento que pouco domino, mas que me faria uma figura respeitosa, porque nesse
país só se respeita aquilo que não se entende.
Poderia, decididamente, hoje tentar clamar
por uma atenção de todos os mais brilhantes seres que conheço. Trazer para
perto de mim os meus ídolos e afastar meus fracassos. Tentar mostrar o quão talentoso
posso ser, forçar meus esforços, provar que é duro escrever cinco textos por
semana.
Poderia hoje tentar tanta coisa, mas, no fim,
se tiver queijo e uma lambida de cachorro, nada mais me basta, a
intelectualidade acaba sendo uma tremenda fajutice.
:) Adorei!
ResponderExcluirObrigado, Tati!
ResponderExcluirEu tbm adorei...é exatamente como me sinto quando chego em casa e o Melvin me olha com aquela expressão de alegria abanando o rabinho peludo: "Mamãe, vc chegou? Eeeeee"...rs. Não preciso de mais nada! =)
ResponderExcluirFeliz de vc, Dri, que tem um anjo de 4 patas pronto pra te lamber e te fazer a pessoa mais espetacular do mundo!
ResponderExcluir