Importante sempre colocar a cidadania na vida das crianças. Diria Rousseau que para um adulto ser ético, basta que livremos a criança das coisas ruins. O problema é saber se e quando uma raspa desses malefícios encontra os pimpolhos.
Em
tempos de eleição, a molecada das primeiras séries, antigo pré-primário,
passava por uma lição de civilidade. Amparados pela época das eleições, a
professora organizou, durante dois meses, uma simulação do mundo real ao
infantil. Havia 3 candidatos, com campanhas, propagandas, santinhos.
Os
90 alunos se mobilizaram para escolher o melhor representante, que teria a foto
colocada nas salas, posando com faixa e tudo, até o fim das aulas. Com a supervisão
da professora, eles fizeram discursos. Houve quem prometesse ampliar o
parquinho, quem prometesse pizza e chocolate nos recreios, quem instaurasse
toda semana um dia aos brinquedos etc.
Os
pais dos candidatos fizeram a divulgação, seguindo critérios da escola, nada de
sujeira, de faixas. E a briga de egos começou.
Cada
candidato, por 60 dias, trazia a novidade do concorrente, e os pais usavam de
tudo para fazer prevalecer o nome do filho entre todos. Se aparecesse uma propaganda
em foto, uma montagem, outro devolvia em DVD. Se a caminhada fosse filmada pelo
bairro, outro vídeo do candidato, desde 1 aninho, para sensibilizar os
eleitores.
E
assim foi até o dia da eleição.
Elaboraram
a cabina de votação, separaram mesários, os próprios professores – e a eleição
começou, sem boca de urna, sem tumulto, fila organizada. Tudo transcorreu sem
atropelos.
Hora
da contagem dos votos. Bruninho, Rodriguinho e Sandrinha estavam esperançosos.
Prometeram encarar a vitória ou a derrota da mesma forma. “O importante é competir”,
repetiram quase que diariamente.
E
o resultado foi arrasador, Bruninho, 2 votos – o primo e o vizinho. Rodriguinho,
3 votos, uma família de quadrigêmeos sempre traz alguma vantagem. Sandrinha, 85
votos – um sábado no Hopi Hari é um investimento e tanto.
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