Assisti
no último sábado ao primeiro filme rodado e produzido inteiramente na Arábia
Saudita, O SONHO DE WADJDA, que também teve sua direção sem precedentes por uma
mulher, é daquelas histórias que você se encanta apenas com a sinopse dela. Haifaa Al-Mansour ratifica a visão feminina e diferenciada à arte.
Muitas vezes, a cultura do Oriente Médio nos choca com
tanta rigidez e, quando isso é mostrado pelo olhar de quem mais sofre, o
inconformismo e a sensação de liberdade e de felicidade ficam mais latentes.
Daí se aliam duas coisas, a visão que vai ao encontro do
que aqui já se está acostumado a sonhar e um lugar completamente diferente e
tão igual a muitos pelo mundo, dois prazeres, a mim, apaixonantes.
Wadjda -
interpretada pela excelente Waad Mohammed - é uma menina
que sonha em ter uma bicicleta - brinquedo incomum e condenável, dentre outras
tantas coisas, às meninas e mulheres da Arábia – para disputar uma corrida com seu
melhor amigo, o gracioso e leal Abdullah.
Insaciável aos pedidos da mãe – que está num dilema, pois
o marido tende a se casar com outra mulher, o que endossa os padrões à cultura
árabe – segue a natureza, retardando as vontades da filha.
Wadjda então percebe que teria de se virar. Começa a
fazer pulseiras e a vendê-las no colégio. E, como todo sonho basta para nos
mexermos, tudo o que faz ela começa a colocar valor. Desde livrar o remorso do
melhor amigo, que a fez chorar, até marcar encontros proibidos.
Até que aparece um concurso na escola. Recitar trechos
do Alcorão ou dar o significado correto das palavras contidas nele – a pequena
encara. A bicicleta – que ela, com sua simpatia com o proprietário, consegue
reservar para si – custa 800 riais (rial) e o prêmio, no valor de mil,
financiaria um sorriso iminente.
O sonho ganha mais força de se realizar.
Mais do que uma simples corrida entre amigos, o filme retrata
a opressão que a mulher saudita sofre, e o que é pior, muitas vezes com a
fomentação delas mesmas. A começar também pelo cinema, não existem salas
oficiais por lá, isso significa que a história passará apenas em outros países.
Se Wadjda – cujo sorriso é cativante e a determinação,
invejável - conseguirá realizar seu desejo, não me cabe aqui revelar, mas cabe
a mim dizer que a língua única da felicidade é entendida nos quatro cantos do
mundo.
Já na lista para ser visto.
ResponderExcluirAproveito para lhe indicar o melhor filme que assisti em 2012 - Sarah'key.
Opa, Nelson, obrigado pela dica! Não vi ainda, mas já entrou na lista! Abraços!
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