Confesso
que odeio dormir. E você pode perguntar por quê. Se é algo pontual? Sim, é.
Sempre acho que estou perdendo algo durante ele, sempre acho que algo
importante passará por mim enquanto durmo.
Voltemos
ao pontual. Aos 4 anos, durante um período de janeiro na Praia Grande, litoral
paulistano, em 1977, dormia o pequeno Adriano tranquilamente numa tarde quente.
Quando acordei, estavam apenas minha mãe e minha tia no apartamento.
Irmãos,
primos e tios haviam sumido. Todos estavam num parque de diversões. Se hoje,
aos 40 anos, não entendo por que não me acordaram para ir junto, aos 4 não
teria obviamente maturidade a isso.
Lembro
que chorei muito, não por não ter ido, mas pelo sentimento de abandono, de
esquecimento e de me sentir descartável. Afinal, que criança de 4 anos
preferiria dormir a ir a um parque de diversões.
Ok,
sessão terapia agora...
Enfim,
conseguir pontuar o exato momento do trauma é algo muito útil a tentar sumir
com ele. Fato é que 36 anos depois, não consigo. Penso sempre sobre quantos
parques de diversões passaram ou passarão pela minha vida durante meu sono.
Durmo
cerca de 4 a 5 horas por dia. Não me lembro de ir para cama porque precisava
dormir. Nem mesmo nas várias jornadas de 10 horas por dia em frente a mais de
100 alunos.
Ou
mesmo quando acabava um show às 4h e tinha de me levantar às 6h30. Sono é algo
pouco amistoso a mim.
Cochilos
à tarde então inexistem.
Até
mesmo quando me deparei com um Rivotril, a luta contra o sono foi quase
vencida. Se pudesse, meus olhos não se fechariam. Passaria a noite lendo, vendo
filmes, ouvindo música, meus planos e meus erros.
Confesso
que já tentei ir a um parque de diversões à tarde, mas não foi a mesma sensação
se alguém tivesse me levado até lá.
De
tanto temer ser abandonado, o sono acabou endossando minha paúra.
4 a 5 horas por dia???
ResponderExcluirprefiro a frase"Sem dormir bem,não sou ninguém!"rs
E que essa sorte a acompanhe sempre! Mas nunca perca o melhor da vida... Acordada!
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