Estou
longe de ser o Vinícius, amigo meu e fiel frequentador desse evento, porém –
contagiado por suas histórias – e por tudo o que já li, estive eu e meu mais
velho ontem na Mooca, acompanhando de perto tantos lances de alambrado.
Quem
conhece o bairro – e eu sou um deles, estudei por 7 anos nele – sabe que o
reduto de italianos o transformou num local mágico, familiar. E isso é visto
logo na entrada do estádio. Famílias aparecem como se fossem a um parque de
diversão. Todos com as camisas grenás à mostra, mãos dadas. Diria que um jogo
ali, às 10h da manhã de um domingo ensolarado rouba muitos fiéis da região.
E
se aqui há um ato ecumênico, diria que os canólis - canudos de massa folhada,
salpicados de açúcar e recheados com creme ou chocolate – são as hóstias. E
todos podem já comungar logo na entrada ou durante o jogo. Está longe de ser
uma ambrosia, mas ninguém mesmo se delicia com hóstias.
Os
avôs, tios e tias riem e cumprimentam todos, acabam abraçando quem por lá chega
e sorri. E não há como não sorrir na Javari. Lembro que estive lá pela última
vez em 1985, e meu sorriso de ontem foi o mesmo.
O
hino do Moleque Travesso no início. As faixas escritas em italiano e os gritos
que lembram os argentinos do Boca reforçam a ideia de que ainda existe uma
certa ingenuidade e saudosismo no futebol.
Os
torcedores conversando quase na nuca do bandeira. Os tifosi soltando impropérios arcaicos colados ao alambrado. Quase
deixam o jogo de lado, ruim, por sinal, bem ruim.
Mas
o que me deixou mais intrigado foi o medo de a partida terminar por falta de
bolas. Sim. Os jogos por lá só podem acontecer com um número de bolas
triplicado ao de uma peleja comum.
E
depois de ver tudo isso, quando esperava que meu domingo matinal estava
completo, vejo o massagista do clube tocar a campainha da casa de uma nona
qualquer, pedindo uma das bolas.
E,
pela cara dele – que voltou de mãos vazias – estava claro que a bola fora
murcha, já que é um atrevimento manchar
o lençol branco da nona. Se for pra ter mancha, que fosse do canóli, que ficou
conversando comigo o dia todo.
Rsrs... Adoro este bairro, sempre me senti em casa aqui. Bjo
ResponderExcluirAcho que a Mooca está no coração de todos de SP, como o Juventus, Fê!
ExcluirPasseio imperdível para amantes do futebol e da Itália em versão retrô anos 40.
ResponderExcluirE fica ainda melhor com um irmão que abre portas! Marcelo Paciello um verdadeiro guia turístico da Javari!
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