terça-feira, 18 de dezembro de 2012

COMO ACABAR COM UMA AMIZADE USANDO HIPOGLÓS

Quanto mais se vive, mais se tem a certeza de que o relativo é presente em qualquer assunto. O depende, ainda que implícito, acaba se tornando clichê, porque, se é clichê, verdadeiro é.

Um grupo de amigos marcou uma viagem de fim de semana ao Guarujá. 2 casais, unidos pelo riso e quase nada pela dor. Não se conheciam há tanto tempo assim, mas diríamos que o suficiente para se agendar momentos de prazer e de interação.

Assuntos agradáveis pelo caminho até a chegada ao apartamento. Assim que entraram, perceberam dois quartos, um com a cama perto da janela outro com a janela ao lado do armário. Um dos homens pediu pra dormir com o vento embalando o seu sono.

Trocaram-se e foram para a praia. Existem os casais que ama ler na areia e os que amam andar por ela, beirando a água. Acharam melhor a liberdade. Dois abriram suas páginas e dois seguiram para a direita.

Voltaram a se encontrar quase 3h depois. Parece que houve um estresse entre os andarilhos, porque o bico de ambos furava a areia. Quietos chegaram, quietos ficaram. A leitura, que poderia se encerrar assim que se encontraram, foi prolongada por mais uma hora.

Decidiram almoçar no apartamento. Os homens cozinhariam e as mulheres lavariam a louça. Voltaram em silêncio. Na cozinha, o mal-humorado preferiu abrir a boca para desabafar com o atarefado mestre-cuca. Enquanto que, na sacada, a leitora teve de ouvir os lamúrios da amiga.

Entre garfadas, elogios e alfinetadas, o almoço passou. Tentaram os leitores falar, mas os olhares raivosos dos outros dois podaram qualquer chance de um almoço tranquilo.

Cansados, os carrancudos, cada qual, seguiu a um quarto, bateram as portas e a louça sobrou para os falantes, que deram graças, porque ao menos o clima melhoraria e o fim de semana poderia ser salvo.

Durante a tarde, o homem sai do quarto e seguiu para o da mulher, enquanto o outro casal conversava na sacada e eram surpreendidos com o sorriso dos dois. Tudo voltava ao normal.

Um barzinho à noite selaria a boa viagem. Enquanto dois se trocavam, o casal reconciliado revertia a situação. Eles não iriam mais, porque o cara estava assado de tanto caminhar e com as costas ardendo.

Os impropérios da mulher, que cansou de avisá-lo para usar o protetor e não andar só de sunga, eram um tormento. Disse que os 3 iriam e o peru ficaria sozinho, coisa que não aconteceu, porque os outros dois se mostraram solidários a ele.

O que acabou desencadeando uma nova pesada discussão entre os dois, um convite a um telepizza.

Pela manhã, a chuva veio para abençoar a volta. Decidiram pegar estrada logo cedo. O casal no banco detrás quieto e os da frente, em solidariedade preferiram apenas se apoiarem nas coxas dos outros, uma conexão vital.

Já no pedágio, o assado quis pagar, mas a carteira dele estava na mala, mais um motivo para uma nova discussão até deixá-los em casa.

Fim do passeio, fim da amizade. O almoço dos leitores foi regado a gargalhadas e ao alívio. Já o almoço dos outros dois terminou numa ardente tarde de sexo e juras de amor, sem muito esforço, porque o hipoglós não era lá excitante.


 

 

5 comentários:

  1. Só faltou você avisar que esse fato foi baseado em fatos reais.

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    1. Bense, quase mencionei isso, mas vai que a pessoa envolvida leia isso... - rs

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  2. Hahahahaha....nem precisa dizer que é real, acho que todos que lerem essa história vão se identificar com ela! E quem não tem um "casal porre" de ex-amigos assim?! rs
    Eu tenho...hehehe
    Falta de senso e respeito não combinam com nossos ciclos de amizade, né Dri?! Pior é perceber isso numa viagem, mas....antes tarde do que nunca.
    Bjs

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    1. Verdade, Dri, insuportável! Claro que dei uma mudada para não ficar tão exposto, mas o lance do hipoglós, meu irmão gêmeo viu a cena e pisca o olho até hoje! Ele saiu do quarto falando: "Não, eu não vi isso!" - rs - Bjos

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  3. "...e o peru ficaria sozinho..." RI HORRORES!

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