E
existiam as curiosidades. Como a daquele rapaz, que toda semana, de segunda a
sexta, aparecia por lá em horários variados, com mulheres variadas. Exceção às
sextas-feiras, quando sempre ele chegava primeiro e a moça - talvez uma filha
cujo pai desaprovava o namoro ou mesmo uma segunda namorada – chegava
religiosamente 20 minutos depois.
No
primeiro mês, era o assunto do local. Recepcionistas do turno da noite,
camareiras, cozinheiras e os rapazes que sempre estavam por lá cuidando do
jardim e de tudo o que um estabelecimento desse precisa, sabiam da rotina.
A
partir do segundo mês, já se tornava rotina. Os olhares já eram de uma
vizinhança sadia. Os bons-dias se tornavam mais frequentes. Simpático o rapaz,
trabalhava com o pai, um empresário no ramo de pneus, e ímã para todas.
E
a recepcionista era a única que achava aquilo tudo absurdo. Vivia jurando que
entregaria o rapaz à moça da sexta-feira. Até pensou que poderia levar a
mulherada para uma outra coisa, mas não, as camisinhas sempre eram usadas. Ele
até inspirou o local a começar a vender Viagra.
E
a moça o odiava. Não o olhava no rosto, sempre pedia a suíte 32, e ela
praticamente colocava todo o desprezo e asco na situação. Como podia aquilo?
Uma fixa e todas as demais variadas, em dois meses? Ela contou 33 mulheres, 32
diferentes, isso era mulher para uma vida toda de um grupo de 10 homens, muitas
vezes.
Até
que naquela semana, ela havia tomado uma decisão, na sexta-feira, ela colocaria
tudo em prática. E o Don Juan da zona leste esperaria mais do que vinte
minutos. Estava decidida, mesmo que todos implorassem para não se envolver,
mesmo que custasse o emprego dela, até para sacanagem deveria haver respeito.
4
dias naquela semana, 4 novas mulheres - 37 agora na estatística - tudo como
sempre. 1h30 de estada, 82 reais de conta, pagas com dinheiro. Nada de novo.
Até que sexta chegou.
As
recepcionistas da noite não foram embora. As arrumadeiras e demais empregados
ficaram alerta. 8h30, como sempre, o rapaz chegou e estranhou que a
mal-humorada sorria e dizia “a mesma de sempre?” com uma docilidade
contagiante. Ele estranhou, mas devolveu o gracejo.
20
minutos depois, a menina chegava. Não podemos ouvir daqui o que conversam, mas se
percebe uma certa contrariedade no olhar da motorista, que, em poucos minutos,
entra e sai do motel. Ela tinha conseguido.
Triunfante,
sorridente e com aquele olhar de só os ambiciosos têm quando o objetivo é alcançado
– sai da recepção, sob os olhares perplexos de todos, segue para a suíte 32 e,
ardilosamente, se transforma na mulher número 38.
Não
ficou mais que meia hora, porém, agora, todas as sextas-feiras, entre 15h e
16h, ela deixa de ser empregada e passa a ser cliente do local.
Mulheres... sempre tem uma mais fdp.
ResponderExcluir