A
separação foi iminente. Responsabilidades diferentes, caminhos opostos. Mas
quis a vida que a esquina de ambos voltassem a se cruzar quase 20 anos depois.
O casado, agora com mais um, de 15, e a mais velha de 20, e o solteiro com
ninguém.
Numa
noite, na casa da família, estava o amigão do pai, finalmente haveria um rosto
para as várias histórias que circularam pelos cantos da casa. Não se sabe ao
certo qual foi o momento exato, mas quando a menina cruzou a sala, mais do que
o perfume entrou com ela, uma libido avassaladora tomou conta do tio.
Sorridente,
educada, parecia uma extensão do pai, formando quase que um trio de amigos. E assim
passou a noite, agradável, desejou ter para si uma cozinheira como aquela e uma
menina como aquela.
Viraram
amigos nas redes sociais. Os gostos eram os mesmos. As brincadeiras também.
Madura para a idade dela, imaturo para a idade dele. Par fatal. Quando perceberam,
conversavam mais os dois que os amigos. Quando perceberam, trocaram os números
dos celulares.
Um torpedo numa madrugada, um “durma bem”, despretensioso e atrevido terminou em “beijaria sua boca uma noite inteira”. Ficaram a madrugada inteira conversando por sms.
Por
acaso – pensemos assim – por acaso, o quarentão saiu de uma reunião perto da
faculdade da menina e a viu na rua. Ele parou, ela entrou, uma carona
despretensiosa. Mas a mão dela foi mais rápido e já estava na perna dele, que
acelerou e parou no primeiro Drive-in que lhe cruzou a janela, o Cumbuca.
Exatos
30 minutos por lá ficaram, e não se sabe o que fizeram porque a cortina estava
fechada. Eles saíram, ele a deixou em frente ao prédio e sumiu de lá. Uma
loucura. Ele estava sorrindo um sorriso besta, ela sorria outro bem mais encorajador.
O pior é que essas coisas ocorrem em duas ocasiões, uma como evento, outra quando se atribui uma narração. Mas aqui, ficaríamos com o ímpar.
Silêncio.
Mas vai explicar a gargalhada que a menina soltou quando, numa caminhada com o
pai e a mãe – no momento em que passavam pelo Drive-in, viu um bloco de concreto na
entrada e o selo da Anvisa interditando o local. Se os pais não desconfiaram,
ao menos o órgão de segurança tratou de pôr fim ao caso.
Até eu dei uma gargalhada com esse final atípico. Muito bom! Parabéns!
ResponderExcluirValeu, Lu, acho que sua gargalahda deve ter sido igaul à da moça! MEDO!!! - rs
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