E
aquele concurso de redação, ao pé que seguia, premiaria o menos ridículo, e nem
o mais otimista dos críticos tentaria algo, nem as mães dos autores trariam
louros.
Entretanto
milagres podem acontecer e foi o que aconteceu. A primeira linha daquele texto
foi melhor que todas as que já haviam deixado para trás. Segunda, terceira, e o
primeiro parágrafo iluminado.
Quando
se deu conta, já tinha se ajeitado na cadeira e estava debruçado, comendo cada
palavra e se deliciando com o carrossel. Não percebeu que sorria com um teor
envolvente e raro.
Metade
da redação e a campeã já aparecia. O dia estava ganho, a autora – cujo nome
fora lido várias vezes – afinal de contas, talentos assim devem ser gravados
imediatamente, ganhava seu primeiro fã.
E
o professor torceu para que nada mudasse. A excelente qualidade daquela obra atendia
prontamente ao desejo do corretor, que abria um largo sorriso a cada linha.
Sim. Havia uma luz entre os cegos. Definitivo. Conclusão surpreendente,
coerentemente sensacional.
Nota
10, com louvor.
Dia
da premiação, mil reais à futura Nobel. A ovação veio quando os mestres de
cerimônia leram a vencedora. Um texto empolgante. A moça subiu com todos em pé,
aplaudindo, por quase dois minutos ininterruptos. Os corretores abraçaram a
vencedora quase como um agradecimento, reverenciando a estrela.
Quando
saía do local, uma amiga do trabalho sorria atônita, com um papel meio
amassado. Estendeu-o a mim, dizendo “Parabéns pelo prêmio” – não entendi, era a
redação vencedora, continuei sem entender, mas reli emocionado o trabalho da
moça, e o mais engraçado que não era o nome dela que assinava o texto de seis
meses atrás, era o meu.
HAHAHAHAHAHA!!!!!! Esses finais surpreendentes... seus lindos! Adoreeeeei!
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