Bancaria
mensalidade, os cinco anos de estudo, um carro para se deslocar mais rápido e
ter tempo aos livros. Bancaria até o lazer, 5 anos livres e inteiramente
dedicados à odontologia.
Na
primeira tentativa, ele não passou. Mas a influência com os políticos da cidade
e uma compensação vultosa garantiram a vaga do menino, que nunca soube disso.
E
o menino se dedicou como nunca. Além da mesada que recebia, havia os extras
para cada nota máxima, engordando a conta do rapaz. Não saía, mal se divertia,
vez ou outra aparecia um cinema ou um teatro.
Orgulho
da mãe, troféu do pai, exemplo aos menores.
Primeiro
ano sem problemas, assim como os 4 restantes. E o rapaz, aos 22 anos, se
formava dentista. Choro reluzente do pai, uma festa antecipada a todos da família,
quase um deus.
Noite
de colação de grau. Mesmo o calor insuportável não era empecilho a todos o que
lá estavam. Fotos, sorrisos, alegria. Além de tudo o que conseguiu, ainda foi
eleito o paraninfo da turma.
E
não tardou para ser ovacionado pelos alunos e professores, porque nem sempre
alguém se formava com notas máximas em todas as matérias, em todos os
semestres, em todos os 5 anos.
Ele
subiu ao púlpito e falou:
-
Sonhos. Nos meus 10 semestres na
faculdade, fui movido por eles. – aplausos
–
Sonhos do meu pai e meus sonhos. Não sei
o que de mais detalhado aconteceu no mundo do cinema, no mundo do teatro, no
mundo em geral. Nesses 10 semestres, vivi, respirei o que hoje se encerra aqui.
Viver sonhos é bom, vale a pena, sejam os seus, sejam os dos seus pais. E
consegui realizar dois simultaneamente. Pai, esse diploma é pra você... – ovação
- ...Prometa que vai enquadrá-lo e exibi-lo a
todos que um dia sonharam com isso! Ponha-o bem à mostra... – retirou a bata e
exibiu uma camisa xadrez, uma calça jeans surrada e colocou um boné - ...porque agora começa o meu sonho,
embarco hoje à noite para Londres, para fazer meu curso de DJ!
Só
a mãe e os irmãos apareceram no aeroporto 3 anos depois.
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