Pai,
mãe, as filhas adolescentes e o primo embarcaram nessa. Deixaram a zona leste e
rumaram à zona sul, com a certeza de um passeio lindo, repleto de
entretenimento.
A
contragosto, o pai aceitou o desafio e prometeu não reclamar. Tentou adiar ao
máximo e, agora, não havia saída. Teste à prova já na via principal que liga o
bairro ao centro. Sábado às 8h, era como segunda, às 7h. Primeira e segunda por
uns 30 minutos quase. Carro sem ar e haja garrafinha d’água dos ambulantes.
2h30
depois, conseguiram entrar no estacionamento. E tal qual guepardos à procura da
presa, ficaram os cinco à procura de vaga. 20 minutos e nada. Decidiram
interpelar um casal na saída das lojas ao estacionamento e os escoltaram até a
vaga.
Às
11h da manhã, conseguiram se infiltrar nas ruas infladas do local. Na lista 9
itens. Respiraram fundo e se dividiram, meninas e meninos.
4
itens a eles. Saem, entram numa loja lotada. Não são atendidos. Escapam para
mais duas. Itens acabaram. Tamanhos se esgotam, cores mínguam, modelos somem.
Fogem para outras duas lojas. Uma compra é feita, mesmo que tenha sido a
terceira opção do presente, mas é feita. 2h depois, para pra almoçar.
5
itens a elas. Saem, brigam com duas mulheres que disputavam o último par de
sapatos. Não conseguem êxito. Entram em outra loja, acham a vendedora gorda e
sem classe, saem. Acotovelam-se para ver uma saia. A cor não agrada. O fúcsia e
o violeta estavam mais para vinho, preferem o berinjela.
2h
depois, sem compra alguma, param pra almoçar.
3
itens a eles. Loja cheia, vendedores pouco instruídos. Saem. Loja vazia. Todas
as quartas opções de presentes estão lá, eles sorriem e levam tudo. Menos de 1h
depois do almoço, compras feitas. O pai liga para a mãe. Vão demorar. Eles
decidem ver O HOBBIT, cinema vazio.
5
itens a elas. Brigam com uma vendedora que não consegue ver diferença entre
creme e nude. Saem. Entram numa loja, amam as blusas, pechincham, conseguem
levar uma, mas não para alguém da lisa, porque era cara da tia da vizinha.
Entram
em outra loja, encontram com a vizinha, que se junta a elas e conseguem comprar
um item melhor do que estava na lista, 2h depois. Enquanto tomam um sorvete, veem
uma vitrine, apaixonam-se. Entram na loja, escolhem 4 itens, olham bem contra a
luz, decidem levar um só. Pechincham, mas sem sucesso. Decidem não levar, não
vale o preço. Seguem para uma outra loja.
Celular toca, o filme acabou,
aconselham a ver outro. Eles comem e escolhem outro. Sessão começa, lojas
cheias. Brigam com mais duas vendedoras que não entendem que uma costura muda
todo o glamour de uma camisa.
Entram
numa loja de maquiagens. Cheia. Encontram batons, que, mesmo não estando na
lista, acabam entrando. Mas não levam porque a cor não ficaria boa. Saem. Vão
para uma loja de sapatos. Amam o lugar, a vendedora e a gerente. Conseguem
descontos incríveis, mas a tira de um dos sapatos estava gasta e outro par não
havia, mas pegam o cartão da loja.
Filme
acaba. Eles exaustos. Elas no pique. Encontram-se. O humor deles a zero e o
delas a mil. Eles decidem voltar de taxi. Elas ficam. À 1h da madrugada, as
três aparecem com uma coleira linda ao Furacão, o shitzu da família, e com a
esperança de, naquele mesmo dia, encontrarem ao menos o presente da avó.
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