A caminho da médica, ela jurou ter visto o Sylvester, gato de 11 anos, que fugira há 3 semanas. Não adiantou pedir para o marido parar, o bichano já havia sumido - mais uma vez, provavelmente, - das vistas deles.
Pensou ter o mundo ruído, há tanto tempo juntos. Porém a gravidez de dois meses poderia ser um alento a todas as dores.
O marido prometeu que deixaria o bebê nascer e, assim que possível, adotariam outro gato, com a promessa redobrada de cuidados, mesmo que Sylvester - quase que por um milagre - houvesse desaparecido.
O bicho era extremamente caseiro, as redes de proteção estavam intactas, e até hoje a dor e a incompreensão ganhavam contornos fenomenais.
Chegaram ao consultório. Ele ainda a beijava na testa com aquele sabor de "tudo vai ficar bem". Entraram.
- Os exames estão normais, e seu bebê saudável.
O sorriso de ambos era um alento ao futuro.
- O que eu gostaria de falar a vocês é... Vocês não têm animais, não é? Gato, por exemplo?
Silêncio.
- Porque seu exame acusou uma baixíssima resistência a uma toxina que os felinos possuem. Então acho que vocês me entenderam. Se você cruzar com um gato, nem olhe para ele, os riscos seriam imensos. Se vocês não têm gatos, melhor, evitamos um trauma maior, que seria a separação...
E separação não foi por quase um milagre, foi pela sensibilidade que os humanos nunca terão.
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