Quase
impossível encontrar seu ídolo, trocar palavras, então, está na classificação
de lenda! E jantar? Pois é, quando as três coisas acontecem, rendem excelentes
histórias e temos de levar isso ao maior número de pessoas.
Não
sei quantos livros li do Ziraldo, sei que ele é minha referência de escritor
infantil, simples, direto, deliciosamente criativo e talentoso. Em 1999,
trabalhava em um instituto de educação, uma multinacional, que tinha o hábito
de trazer um palestrante anual, numa espécie de formatura.
Assisti
no ano anterior - por quase 3 horas - ao
magnífico Heródoto Barbeiro falar, depois de ter conversado com ele na TV Cultura,
de São Paulo. E no ano seguinte, uma colega de trabalho apareceu com um contato
da agente do escritor Maluquinho. Sonho. Liguei para ela, que me deu o
número da secretária dele. Sonho.
Naquela
tarde, lembro-me da roda que os amigos fizeram quando liguei para o escritório
do Rio, e quem atendeu ao telefonema? Sim, o homem de sobrancelhas brancas
grossas. Reconheceria a voz dele a quilômetros. Gaguejei, consegui e terminei a conversa com a mulher.
Sonho.
O preço dele foi aceito. E, três semanas depois, estava eu na recepção do hotel
esperando o cara para jantar. Tremia dos pés à cabeça. Ele apareceu, de colete
e meias vermelhos. Ele me chamou pelo nome, me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Jantamos e
conversamos muito. Senti os olhares me encarando e tentando saber quem era o
rapaz ao lado do Ziraldo.
No
dia seguinte, ele daria uma palestra, mas só depois de ser apresentado por mim.
Carinhosa e metidamente elaborei um texto sobre o cara. E li firme, ao som
de Bola de meia bola de gude, na versão
do 14 Bis.
Dei
à plateia as palavras justas que merecia, e o palestrante, emocionado
depois da última frase, levantou-se sorrindo e me deu um abraço longo, sob
aplausos, mas não ousei enxugar as lágrimas que ele me deixou na bochecha
direita.
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