Valentina não tem hábitos a não ser o de devorar livros.
Sim,
rasgar as páginas, lamber as letras, saborear histórias. Diriam cientistas que é
impossível, confirmariam os cristãos mais um milagre.
E
devora laudas quase como uma alcachofra literária, temperada com as melhores
especiarias, desgalha do tombo e as toma para si.
Escondida,
reclusa, incompreendida e muitas vezes interditada, não tem amigos, não precisa
deles, faz dos livros sua sombra, sua cama, sua horas.
Devora
pensadores, saboreia poetas, mastiga revolucionários, beija romancistas.
Um
dia, sai do seu mundo e percebe que todo alimento ganha vida, cada palavra tem
forma, cheiro, sentimento e sabor.
Vê
que nas esquinas também há versos, que as linhas também têm curvas e que os
parágrafos também respiram.
Experimenta
tudo e prefere voltar, porque Valentina soube que à luz sempre se perde algo, e com
os livros sempre se ganha outro.
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