terça-feira, 9 de julho de 2013

DASLU PAMONHA

Depois de muitos anos, e olha que vão anos aí, fui a uma quermesse no último domingo. E na Mooca, o mais paulista de todos os bairros do mundo. Mamas, tias gordas e peitudas disputavam um número do bingo, cujo primeiro prêmio seria uma batedeira linda.

Metade da rua lotada, cheiro de favo e de churrasco no ar, trazia aquela mescla de festa de vizinhos em que era uma curtição ficar até mais tarde na rua, e haveria assuntos para meio ano.

O pior é que em meio ao caos instalado tudo funcionava, a começar pela organização das fichas. Sim, você escolhia o que comeria e beberia e comprava tudo antes em dinheiro estilo “banco imobiliário”.

E o primeiro impacto, havia fila para quem fosse comprar com dinheiro e outra com cartões de débito. Tecnologia na quermesse do bairro, é como flor artificial - mas optei por ela. As filas da barraca da fogazza e a do cachorro-quente eram imensas e, em meio às nonas servindo de modo vagaroso, tudo funcionava.

O mais interessante é o olhos-nos-olhos e o sorriso fácil, deixando qualquer impaciência para trás. Endosso que a simpatia acaba sendo a melhor propaganda. E mesmo que houvesse mais pão que salsicha, ainda assim se tornou o melhor sanduíche do mundo.

Na barraca da fogazza então, a coisa era mais complicada, a fila organizada andava pouco, você chegava, a nona do caixa anotava seu pedido, sorria e as outras, lentamente, chamavam pelo número: certeiro. E o olhar estava lá, sorrindo e felizes por estarem servindo.

E quanto custaria tudo isso, e um favo no fim e mais um suco? Exatos 14 reais, menos que muita sobremesa por aí. Não foi pela quantia, poderia ser tudo uns 50 reais, fato é que me vi na década de 80, com a melhor jaqueta, o iate quadriculado e o dinheiro contado.

Deixei o local umas 23 horas, saudoso, coisa que raramente valorizo. Ao chegar no estacionamento, fiquei mais saudoso ainda – em meados de 1980, eu ia a pé à quermesse - o cara me cobrou 30 reais justamente porque disse que iria ao evento.

Cazzo, a pergunta grunhida e mal-humorada do tiozinho valia 30 reais, por uma hora e meia?!

Com isso, saí mais satisfeito ainda, porque, se cada nona me cobrasse o valor do sorriso e do olhar que me deram, seria a primeira quermesse a ser dividida em 6 vezes no cartão e em 10 no boleto bancário.

 

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