O simples fato de ter de fazer um exame clínico pode gerar situações diversas. São raras as exceções, a não ser que seja um masoquista a alguns deles, que se pode ter prazer com isso. É que o rapaz tinha de fazer um espermograma.
Nunca pensou que tivesse de
chegar a isso, mas, pela simples curiosidade de saber se um dia quisesse ser
pai, ele teria de pôr em xeque seu poder de perpetuar a espécie.
Não precisou de jejum, porém
precisou da abstinência de 5 dias para que o resultado fosse o ideal. Moleza,
literalmente moleza. Alugou somente filmes ogros e decidiu que toda noite se
focaria apenas em sangue, murros, espadas e qualquer tipo de macheza.
E tal ritual seguiu com
louvor durante a semana toda. Apenas a pizza e coisas calóricas e sangue.
Sentiu-se orgulhoso por não ter respondido aos 4 sms's tentadores. Julgou-se
vencedor, quando ignorou as mensagens no facebook e teve a tentação de tentar
olhar os e-mails do Tonicão ignorada.
No sábado, estava logo cedo
para acabar com isso. Pela sede, arriscou alguns pensamentos mais libertinos
durante o caminho e arriscou uma troca de mensagens mais ousada com duas
amigas. Deu certo. Ambas responderam ao apetite apimentado do rapaz de modo
quente.
E o medo de não ter êxito
rápido foi vencido. Chegou louco ao laboratório. Foi recebido por uma atendente
tentadora. Estava pronto. A ponto de bala. Foi chamado para uma sala reservada
de espera.
Achou genial colocar mulheres
sedutoras para tal. Isso mantinha um marketing ousado e coerente para
tal. Esperou por poucos minutos. Ainda aceso, quando apareceu uma senhora, a
cara da avó dele, chamando pelo seu nome e dando as instruções:
- O senhor gostaria de algum
incentivo?
Foi o ponto crucial para a
queda da bastilha. Tudo o que era fogo virou gelo. Concentrou-se, releu as
mensagens. Nada. Revistas, filmes, nada. Tudo o que vinha à mente era a
sua avó, e era a ela que ele deveria entregar o recipiente com o material
colhido. Como isso?
Tentou ligar para as mais
pervertidas que conhecia - um incentivo oral poderia ser útil - mas o chamado
não deu certo, deixou recados. Concentração. Concentração. E o suadouro
começou. E as batidas da senhora ajudavam o moral cair ainda mais:
- Tudo bem por aí, conseguiu?
Sentiu-se na adolescência
quando a mãe insistia para que saísse do banheiro, mas dessa vez a testemunha
sabia de tudo. Suor, suor, suor. Precisava de uma ajuda profissional. Disk
sexo! A última solução. Mal a profissional atendeu, ele pediu rapidez e
eficiência. Pressão mesmo!
Ela tentou de tudo.
Tudo. E nada. Além de pagar pela ligação, teve de ouvir um sonoro
"broxa", o primeiro em sua vida. A avó na sua mente. A avó
na sua mente. Quem poderia salvá-lo? Bateram à porta, era a Carminha, ouviu
o recado e apareceu por lá. Decidiu dar um cala-boca no rapaz, e ele retribui
com afinco.
Tudo parecia fluir bem, até
que bateram à porta de novo. Não se sabe o que foi pior, se a voz da senhora, que
trouxe a avó de volta ou o:
- Não esqueça que o material
com saliva não vai servir de nada, viu?!
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