terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A PITBULL E O NARIZ ROSA

Em meados de 2005, pra variar, estava numa incursão de uma banda. Ensaios e mais ensaios. Músicos promissores, hobbie promissor. Todos tínhamos nossas carreiras e uma diversão nos fins de semana. Havia químicos, empresários, professores etc.

Todos os sábados, eram 3 horas afinando o som e encurtando shows. Ao lado do estúdio, havia uma fábrica, sabe-se lá do quê. Pois o nome não me vem à mente, mas sabia que deveria ser algo de peças.

Solta, e geralmente na parte da frente do local – talvez para intimidar – havia uma pitbull branca, de nariz rosa e orelhas baixas. Linda. E, para mim, inofensiva.

Estacionávamos o carro do outro lado e, muitas vezes, atravessamos na direção do bicho, que apenas nos encarava e abanava o rabo, traiçoeira ou alegremente, até então era isso que me chegava...

Amo cães, mas nunca tentei uma aproximação maior, a lenda dizia que eram extremamente fortes e agressivos. Ela ficava apenas sentada olhando aqueles semimúsicos com ar de Beatles. Acabamos criando uma convivência longeva, de longe, e respeitosa.

Certa vez, parei o carro, olhei a ela, estava lá com um colar havaiano. “Genial”, pensei, que bela estratégia de marketing. Enfeitar o predador para que algum ladrão burro entre e seja morto com uma mordida na jugular. Parecia dócil e acessível, mas ainda assim, era uma pitbull branca de nariz rosa e orelhas baixas.

Depois de um ensaio, passei na frente da fábrica ao lado. A linda pitbull estava de novo de colar havaiano. Parei em frente, assoviei, ela abanou o rabo e deitou, pronta para um carinho. Por segundos, cri ser o ladrão burro, mas segui a intuição, enfiei as mãos pelas grades do portão e enchi aquela cadela de mimos.

Muitas vezes visamos algo, mas a realidade é outra. Não adianta querer enganar-se. Se conseguir ouvir o bom senso e sua intuição, siga-os. E foi o que aconteceu.

Parte daquela banda se separou, tomou caminho contrário, o que era óbvio. E nunca mais vi uma pitbull de colar havaiano, o que também é óbvio, porém ela foi uma das melhores surpresas e certezas que tive na minha vida.

2 comentários:

  1. Nossos "problemas" são do "tamanho" que damos a eles, logo, sempre podemos nos surpreender com a realidade que somente ratifica o que ,em um primeiro momento, nosso coração já sabia. Admiro seu trabalho, professor. Sucesso!

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  2. A vida sempre nos surpreende, para o bem e para o mal.

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