Mas
até provar se isso mesmo era fato, todos deixavam de sonhar.
Diziam
que a garota amava caminhar pelas alamedas em dias cinza só para realçar a cor
das árvores. Diziam que ela amava ficar no inverno em praças com galhos secos e
pendurar maçãs, só para sentir o gosto das cores rubras.
Mas
até provar se isso mesmo era fato, todos deixavam de sonhar.
Diziam
que a garota, enquanto fazia compras no supermercado, se imaginava colhendo
flores, que enquanto estava só em casa, afastava os móveis, colocava a música
preferida e fazia um show a milhões, sempre com bis. Diziam que ela tentava
entender as pessoas apenas pelo olhar.
Mas
até provar se isso mesmo era fato, todos deixavam de sonhar.
Diziam
que a garota era todo sorrisos, que ninguém jamais a vira chorar e que sua
alegria não ofendia, contagiava. Diziam que, quando viajava, fazia questão de se
perder entre a cultura do local e os costumes, como os olhos que perdem a linha
de um bom livro, ou a boca que busca aquele amendoim misturado ao sorvete.
Mas
até provar se isso mesmo era fato, todos deixavam de sonhar.
Diziam
que a garota um dia sumiu. Que, se realmente tudo que fizera fosse fato, não
passariam de besteiras, porque - para sonhar - precisa de coragem e, para ter
coragem, não se pode impor limites, tem que se lamber a última página do livro e
ler tudo o que passa pela sua vida.
Mas até provar se isso mesmo era fato, todos deixavam de tentar.
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