Mas
naquele ano algo estava diferente. As travessas de bolinhos aumentaram, os pés
já não cabiam mais na cama nem ele mais no colo dela e mal conseguia ficar em
pé na casa da árvore. Os 14 anos eram diferentes, o horário do TV trazia outra
programação.
As
caminhadas ficavam mais longas, o silêncio o seguia como sombra. Outras trilhas
apareceram e levaram a itinerários bem mais coloridos. Nunca soube que havia
uma cachoeira perto de lá. Não soube pensar se aparecera de um ano pra cá ou se
seus olhos procuravam algo que nunca olhou.
Acreditou
que estava no meio da divagação quando ela apareceu. Teve apenas tempo de se
esconder. Viu que estava nua porque as roupas se amontoavam numa pedra. Sentiu
vontade de entrar também na água, de perguntar seu nome. Mas preferiu a
segurança.
Ficou
parado lá vendo cada braçada, cada mergulho. Era linda. Sentiu que a amou
naquele momento, porque nunca vira sol iluminar algo tão bonito. Sorriu.
Mexia
apenas o olhar e descobriu algo mais doce que as delícias que saíam do forno da
sua avó. E teve a certeza disso quando ela saiu da água...
Mesmo
que não a tenha seguido, mesmo que no ano seguinte ela não tenha voltado a
nadar e mesmo que não teve a certeza se realmente ela existiu, nunca mais seria
diferente, inesquecível, porque não se pode esquecer a melhor redação que fez
sobre as férias que passou.
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