Agora,
um minuto. Perceberam que mães, namoradas e esposas são iguais, os exemplos
acima são genéricos, eles se encaixam em qualquer título. Já começamos com um
estágio e com certeza somos péssimos, péssimos. Se todos têm uma história sobre
mulheres, colocar “mães” e “embaraçoso” na mesma linha, ainda que não haja
rima, são café e leite, pão e manteiga.
Aqui
não entrarão situações em que você está no meio do futebol, e ela aparece com o
Nescau batido ou quando o chama de apelidos caseiros na frente de todos. Elas
podem ser eternas, colocarem traumas perdulários. Dentre muitas coisas que
acontecerão aqui, apenas alguns controles serão ditos. O dia em que fiquei TRAUMATIZADO
POR PROVADORES DE ROUPAS...
Por
razões que não cabem aqui, estavam os 4 a caminho de calças ao caçula. A mãe,
os gêmeos e o mais velho. São raras as vezes em que podemos pontuar o início de
um trauma, aproveitemos. Quando se fala de trauma, já não bastasse o fato em
si, mas há níveis e níveis bem consideráveis. Pergunta: se uma pessoa é sã,
possui todos os movimentos do corpo, por que alguém tem de ajudar outrem? E por
que tem de entrar no mesmo provador? Pois bem, justificativas que caem por
terra ante uma mulher, ante uma mãe.
E
lá estavam os 4, dois dentro e dois fora. Depois de ter de escolher o que o
filho vestiria e do bico do caçula, a embaraçosa situação ainda mal começara.
Nos anos 80, era comum haver bermudas com sunga, sim, uma espécie de cueca
acoplada. Quem usaria duas cuecas, tecnicamente? Ninguém. Quem embaraçaria
outra pessoa? Silêncio. Assim que o caçula, de 9 anos, teve de tirar o calção
na frente da mãe - embaraço – ela não titubeou: “Você está sem
cueca?!”.
A
pergunta retumbou como numa caverna, só que nela havia muitas pessoas.
Acostumados com o tom da voz, os irmãos se perderam em risos como todos que lá
estavam. Uma mescla de dor, vergonha e ódio tomaram conta do menino. E quem
disse que adiantou o pimpolho mostrar que não era necessário usar uma cueca.
Nada. Mas sempre pode piorar. A calça veio, e ele queria sumir de lá. Assim que
a vestiu, disse que estava ótima e pronto. Mas não. O rastreador estava por lá.
“Espere! Veja isso!” - e agarrou no cavalo folgado da calça.
E
abriu a cortina do provador e trouxe o garoto para fora. Não bastava colocá-lo
no centro das atenções, ela precisava constatar que estava certa. Chamou os
irmãos e perguntou se aquilo estava bom. Como se os outros dois tivessem
coragem de apoiar o humilhado. E assim, estavam os dois, a uns vinte passos do
espelho, no meio da loja. Uma mãe com a mão no cavalo da calça do menino, chacoalhando
violentamente para frente e para trás, repetindo num sincronismo sádico: “O-lha
is-so a-qui!”.
A justificativa de se gastar com algo que não
seria útil poderia deixar a mulher um tanto quanto contrariada. E pior disso
tudo, os primeiros movimentos pélvicos do rapaz foram provocados pela mãe. E já que a história foi invocada, a versão
que se tem como fato foi mostrada. A calça foi trocada, e a vergonha,
consumada.
Belo texto.
ResponderExcluirValeu, Gil, seu hipócrita!
ExcluirBelo texto. Normalmente com pitadas de humor ou duplo sentido. Parabens.
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